Saldo da Eleição: PT recebeu uma dura lição

O primeiro turno das eleições gerais deste ano impôs uma dura realidade para o PT no Maranhão, que correu sério risco de perder todas suas representações se não fosse articulação do senador eleito Flávio Dino (PSB) e ação do Diretório Nacional em Brasília.

Como bem sabemos, Iracema Vale (PSB) foi eleita a deputada estadual mais bem votada da história do Maranhão, isso concorrendo pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). Mas a história poderia ser outra, Iracema foi até algum tempo atrás militante importante do PT no estado, seus dois mandatos como prefeita de Urbano Santos foram conquistados concorrendo pelo PT, uma história que iniciou antes mesmo de Flávio Dino (PSB) ser eleito Governador do Maranhão. Contudo, ainda como prefeita, a deputada eleita se desfilou do partido logo no início do Governo Bolsonaro para não perder recursos para sua cidade, pois ser Petista em uma gestão federal tão cruel e perseguidora era arriscado demais, e tinha ciência que como gestora de uma pequena cidade dependia quase que exclusivamente de repassasses federais para realizar obras e ações que beneficiem a população. 

Iracema saiu do PT, mas quando passou o cargo de prefeita e tendo feito o sucessor, quis voltar para ser deputada estadual pelo partido. Não que estivesse visando alguma facilidade ou vantagem, mas sim por identidade. Porém, em São Luís o Diretório Estadual vetou sua filiação, pois os “donos” do PT no Maranhão a viram como uma ameaça que poderia tirar uma cadeira de um “petista legítimo”. Como resultado, nesta eleição o PT “puro” não elegeu nenhum representante para a Assembleia Legislativa, ou seja, ficaram sem o mel e a cabaça. 

Mas Iracema não foi a única, o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Rafael (PSB), também tentou filiação no PT quando passou a ser distratado pelo PDT, partido onde construiu toda sua trajetória política. Dialogou com todas as lideranças possíveis do petismo, em São Luís e Brasília, mas também foi vetado porque no Maranhão só queriam “puro-sangue” na legenda.

Já para federal a história foi parecida, quem não lembra da gritaria do deputado federal petista Zé Carlos quando o vice-governador eleito Felipe Camarão se filiou no PT, com projeto de ser candidato a deputado federal. Zé até ameaçou não disputar a reeleição, o que poderia enfraquecer a composição da chapa partidária, só foi se acalmar quando Felipe passou a ser cogitado como candidato a vice. Mas aí veio o também deputado federal Rubens Júnior, que rumou do PCdoB para o PT, foi preciso intervenção de Brasília para que a filiação do comunista no PT fosse sacramentada porque em São Luís ninguém aceitava. 

E o PT poderia ter dois federais eleitos, pois quem também tentou filiação no Partido foi Amanda Gentil que se elegeu pelo Progressistas. Em um primeiro momento foi garantida sua filiação no PV, partido que integrava a Federação com PT e PCdoB. Mas Amanda queria mesmo era o PT, e trabalhou para isso, pois teve sempre  identificação com o campo progressista, muito embora na época nunca tivesse sido filiada a nenhum partido. Amanda e seu pai, o prefeito caxiense Fábio Gentil, chegaram a tentar a filiação articulando através de lideranças na Bahia um contato com diretório nacional, mas foi em vão, “o PT do Maranhão é muito fechado”, foi a resposta que receberam. Daí, quando se voltaram para o PV o PT maranhense interveio e vetou também, afinal por estarem em Federação o PV não poderia sozinho decidir pela filiação de Amanda Gentil. 

Se não fosse pela reeleição de Rubens Júnior, o tal petismo “puro-sangue” não teria eleito nenhum representante, e o PT sairia dessa eleição totalmente envergonhado. 

Felipe Camarão é a estrela em ascensão no Maranhão e também do PT. Jovem, carismático, bem articulado, procurador federal, tendo feito uma grande gestão enquanto Secretário de Estado da Educação e agora eleito vice-governador do Maranhão, com chances reais de ser o próximo governador em 2026, com isso está na posição ideal para remodelar e modernizar o PT Maranhense. Implantar novas ideias e abrir o partido. Mas, se quiser mesmo fazer isso, vai comprar alguma briga porque não será fácil  fazer com que todas as correntes internas cooperem, fazendo-os compreender que o momento político atual é outro e que essa coisa de “petista da gema”, “puro-sangue” e “militante histórico” cabia em  outro contexto político.

Só há dois caminhos, modernizar ou acabar. A bola está com Felipe Camarão. 




Postar um comentário

0 Comentários